sábado, 7 de agosto de 2010

Os excluídos da República no Rio de Janeiro[1]

Ana Cláudia da Silva Torres[2]
Resumo
Este artigo tem por objetivo abordar sob o ponto de vista histórico, a questão da política dos republicanos e dos excluídos do Rio de Janeiro no período de transição do império para a república. Através de uma forma sintetizada, faz uma análise da imagem da sociedade e de como o governo de diferentes épocas assumiu posturas semelhantes de desqualificação do povo brasileiro.

Palavra-chave: República, excluídos; cortiços sociais.

Uma democracia se implanta no Brasil na primeira república. Através de idéias européias, aqui se tentava por em prática e consolidar os planos que ganhavam forma através do discurso, das imagens e das representações. O Rio de Janeiro sofre grandes transformações urbanísticas entre os anos de 1902 e 1904 no governo do prefeito Pereira Passos, nesta mesma época chegam milhares de imigrantes nos portos brasileiros no período tradicionalmente conhecido como da primeira imigração massiva. As idéias fervilham por toda a parte e o Rio ganha ares cosmopolitas. Eles viam aqui, a grande possibilidade de refazer suas vidas neste novo Eldorado, tinham intenção e a visão de que o Brasil seria um meio pelo qual poderiam sonhar e construir uma extensão de Paris. Este magnetismo fez com que a cidade fosse abarrotada de pessoas de todas as partes do Brasil e do mundo; as diferenças sociais também nasciam proporcionalmente com a mesma intensidade que se construíam as novas ruas e vilas.
A nova forma de governo neste período, a Republica, teve como governantes os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto durante os quatro primeiros anos de existência do novo regime e segundo afirma José Murilo de Carvalho (1989, pp.45) a “República, ou os vitoriosos da República”, fizeram muito pouco em termos de expansão de direitos civis e políticos”. Referente a essa afirmação fica nítido que a população sofreu exclusão social. A maior parte da sociedade, cerca de 80% da população não votava.


O voto era concedido somente aos grandes comerciantes, aos políticos e a todos aqueles que faziam parte de uma classe desejosa de perpetuação do poder.
Ficavam de fora, as mulheres, os mendigos, os pobres (seja pela renda, seja pela exigência de alfabetização), os menores de idade, os praças de pré e membros religiosos. Dessa forma era possível imaginar que o Brasil era um país com vários problemas políticos e sociais.
Segundo Edgard Carone (1930-1937, pp.210) concluía que “o problema social do Brasil é a alfabetização e o povoamento, é o combate ao deserto e a ignorância”.
Partindo desse pressuposto, a primeira cidade brasileira a sofrer reformas, após o advento republicano na condição civilizadora de “Paris”, foi o Rio de Janeiro. A população carente pagou um preço muito alto, pois o Rio tinha que manter os padrões de Paris, e a classe menos favorecida ficava excluída dessa mesclagem de transformações. Segundo Sevcenko, (1998, p.137) “o comércio dividia paredes com habitações luxuosas, ou remediadas, e não raro com cortiços, estalagens ou casas de cômodos”.
A maioria da população foi obrigada a sair de cena da vitrine de Paris. Essa classe menos favorecida foi se aglomerar nos cortiços, nos morros como se fosse uma colméia humana. Segundo Aluísio de Azevedo o cortiço possuía:

[...] mais de 400 casas e constituía uma pequena república com vida própria, leis próprias, detentora da inabalável lealdade de seus cidadãos apesar do autoritarismo do proprietário. [3]

O famoso conde d’Eu[4], que por sua vez era genro de Dom Pedro II, tinha um grande controle sobre os aluguéis dos cortiços. Os padrões de construção era cada vez mais exigente, e isso facilitaria o controle de preço desses cortiços.A população mais pobre não tinha escolha ou morava nos cortiços,ou simplesmente, mudariam para os morros onde ficariam mais isolados dificultando ainda mais a sua participação nos trabalhos.
Nesses cortiços formavam-se novas Repúblicas de valores pertinentes a seus hábitos e condições de sobrevivência de seus moradores. Assim José Murilo de Carvalho diz (1987, p.39) “Ali se trabalhava, se divertia, se festejava, , se fornicava e, principalmente,se falava da vida alheia e se brigava’. Mas existia ali um entrosamento de amizade, respeito caso algo de fora, mesmo de outros cortiços viessem atingi-los principalmente se fosse a polícia, logo se uniam para defender seus interesses, pois acreditavam que cortiço bom a polícia não entrava, se entrasse era sinal de desordem.As moradias dessa população excluída do berço da civilização, eram consideradas desumanas por causa das péssimas condições de vida, da falta
[1] Artigo apresentado à disciplina História do Brasil do século XX, sob a orientação da docente Maria Liliane Fernandes Cordeiro Gomes.
[2] Aluna de graduação em História do Departamento de Educação-Campus-X/UNEB Teixeira de Freitas, Bahia.
[3] AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: moderna, 1983.
[4] Conde d’Eu – Luís Felipe Maria Fernando Gastão de Orleans. Tornou-se príncipe pelo casamento com a Princesa Isabel, filha do Imperador Dom Pedro II.
de higiene, eram lugares propícios para ploriferação de doenças como: o surto de cólera – morbo, febre amarela, varíola, malária, tuberculose e ainda peste bubônica. Todas elas se expandiam nas péssimas condições de salubridade oferecidas também pelas ruas sujas, mas principalmente pelas moradias lotadas, sem a menor estrutura de esgoto e fornecimento de água, insuficientemente e ineficientes até mesmo na corte.
Assim Luiz Azevedo descreve como era o cortiço (1857/1913, pp.35), eram cinco horas da manhã e o “cortiço acordava, abrindo não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas”. Tudo ali era repartilhado: as janelas as paredes, a torneira para lavar o rosto de manhã e o banheiro.
Ao analisar essas condições de moradia o governo imediatamente, mandou grupos de higienização para visitar esses cortiços e vacinar todos aqueles moradores. Essa medida também era entendida como higienização racial. A cada caso confirmado dessas doenças citadas anteriormente, o governo ordenava que retirassem aqueles moradores causando assim uma exclusão social ainda maior. Se sentir um pária enfermo e perder o direito de moradia através da humilhação de serem retirados das residências, nesse formato era arrancado desses excluídos o pouco que lhes restara de sua decência e integridade moral.
Os hábitos de consumo no Rio de Janeiro refletiam a crescente influência européia. Nessa época (1872) abrigavam-se no Rio mais de 84 mil estrangeiros, em sua maioria francesa, inglesa, portuguesa, alemã e italiana, esse número correspondia a quase um terço da população. O jornal, O Paíz, 19 de setembro de 1917, dizia:

[...] Por maior que seja a hospitalidade que oferecemos a todos os estrangeiros que procuram o Brasil; por mais premente que seja a necessidade de incrementarmos o povoamento do nosso solo não, poderíamos ir ao extremo de transigir eternamente com os imigrantes que não sabem ou não querem corresponder ao acolhimento amigo que lhes dispensamos e, cuja permanência, entre nós, possa sim ser de fato, indesejável.[1]

Esse jornal dedicava poucas linhas aos elementos estrangeiros vindos de grandes e frequentes imigrações desordenadas. De fato começava assim uma luta que envolvia imprensa, política, polícia, imigrantes e trabalhadores nacionais, todos envolvidos na limpeza urbana do Rio de Janeiro que prejudicava a imagem de um país que se queria civilizado e moderno, livre de toda a sujeira material e moral. Os jornais da época eram o elo de controle político, pois eram tendenciosos, e através deles se conseguiam muitas adesões.
O convívio social também se modificou, as famílias elegantes passaram a freqüentar sorveterias, confeitarias, onde se tomava chá inglês. Essa classe pertencia a uma parcela muito pequena da população composta de altos funcionários, cortesãos, familiares dos barões do café, banqueiros, grandes comerciantes e os pouquíssimos industriais que haviam. A existência da confortável elite exigia os serviços da maioria da população carioca, que era composta de ex-escravos, pessoas livres e pobres, muitas delas negros e mestiços. Essa mesclagem de contrastes sociais caracterizou outra face do convívio da nova sociedade do Rio de Janeiro.
Essa outra parte da população a serviço da elite eram os excluídos da cidade que moravam nos cortiços e morros. Nesses locais e em outros semelhantes, moravam famílias de trabalhadores pobres e numerosos desempregados que pagavam seu aluguel para dispor de um pequeno espaço, mesmo com péssimas condições de higiene e em locais que mais se pareciam uma colméia humana.
A idéia era de que no Rio de Janeiro não existia povo de direito, já que não participava politicamente das transformações sociais, José Murilo mostra-se enfático em afirmar:

O povo sabia que o formal não era sério. Não havia caminhos de participação, a República não era para valer. Nessa perspectiva, o bestializado era quem levasse a política a sério, era o que se prestasse à manipulação. Num sentido talvez ainda mais profundo que o dos anarquistas, a política era tribofe. Quem apenas assistia, como fazia o povo do Rio por ocasião das grandes transformações realizadas à sua revelia, estava longe de ser bestializado. Era bilontra.[2]

Os “povos” tanto existiam como resistiam em diferentes situações, que se revelaram também através de povos políticos e sociais, para muitos eruditos do final do século XIX e inicio do século XX, onde a miséria dos excluídos proporcionava o surgimento das reivindicações, seja elas por revoltas ou por participações em massa em protestos políticos. O sistema político desejava livrar-se das impurezas intelectuais e corporais de uma velha sociedade. Por sua vez os que careciam de privilégios sociais eram considerados lixo urbano e para combater a pobreza, nada mais coerente que limpá-la.A cidade do Rio de Janeiro, não apresentava as características da cidade burguesa onde se desenvolveu a democracia moderna. A relação da república com a cidade só fez, em nosso caso, agravar o divórcio entre as duas e a cidadania. O povo não se enquadrava nos padrões europeus nem pelo comportamento político, nem pela cultura, nem pela maneira de morar, nem
[1] Jornal – O Paiz, 19 de setembro de 1917, “Os Indesejavéis”.
[2] CARVALHO, José Murilo. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 160.
pela cara. As estruturas comunitárias não se encaixavam no modelo contratual do liberalismo dominante na política.
O peso das tradições escravistas e colonial obstruía o desenvolvimento das liberdades civis ao mesmo tempo que viciava a dos citadinos com o governo.
Aos poucos a cidade com as suas próprias repúblicas de irmandades religiosas, nos cortiços, nas maltas de capoeira, ironicamente que se foi construindo a identidade coletiva da cidade. Foi nelas que se aproximaram povo e classe média, foi nelas que se desenhou o rosto real da cidade, longe das preocupações com a imagem que devia apresentar à Europa.
Referências

AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: moderna, 1983.

CARONE, Edgard. A república velha. 4. Ed.. Rio de Janeiro: Difel, 1978, p.416.

CARVALHO, José Murilo. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

Jornal – O Paiz, 19 de setembro de 1917, “Os Indesejáveis”.

MARINS, Paulo César Garcez. Habitação e vizinhança: limites da privacidade no surgimento das metrópoles brasileiras. In: SEVCENKO, Nicolau (org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, pp. 137-140.
























terça-feira, 27 de julho de 2010

UNIVERSIDADE DO SUL DA BAHIA – UNEB – CAMPUS X
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE HISTÓRIA V
DISCIPLINA: HISTÓRIA DO BRASIL SÉCULO XX
PROFESSORA: LILIANE FERNANDES
DISCENTES: ANA CLÁUDIA, EDSON JÚNIOR, JORGE, JULIANA, LUCINEIDE, MARILENE FERREIRA, OSMINDA PINHEIRO, SÂNIA E VITOR.








PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL
1930 – 1946

As atividades em torno do café foram responsáveis pela diversificação econômica do país. O cultivo do café impulsionou por exemplo, a vinda de imigrantes para o Brasil, em fins do século XIX. Modernizou a infra-estrutura de serviços, como a implantação de estradas de ferro e de uma rede bancária.
Toda a estrutura gerada pelo cultivo e pela comercialização do café criou condições para um surto industrial no país. Principalmente no Sudeste.
Mas a industrialização no Brasil intensificou a partir da segunda metade do século XX, precisamente nas primeiras décadas de 30. Momentos depois da crise de 29.
Crise essa que ocasionou a falência de muitos produtores de café, com isso, a produção cafeeira entrou em declínio. Os cafeicultores buscaram novas alternativas produtivas, passando a investir seu capital para a produção industrial.
Com o capital que vinha das exportações do café, importavam-se ferramentas, máquinas necessárias para as indústrias e equipamentos. Todo esse material transformou-se em empresas produtoras de bens de consumo não duráveis.
Vários foram os fatores que contribuiu para a intensificação da indústria brasileira dentre os principais: crescimento acelerado dos grandes centros urbanos derivados do fenômeno do êxodo rural, promovido pela queda do café. A partir dessa migração houve um grande aumento de consumidores apresentando a necessidade de produzir bens de consumo para a população.
Outro fator importante para a industrialização brasileira foi a utilização das ferrovias e dos portos anteriormente usados para o transporte do café que passou a fazer parte do setor industrial. Um moderno sistema de transporte e um sistema de eletrificação ajudavam a produção, a circulação e distribuição de mercadorias. Facilitando ainda mais o processo de industrialização.Além desse fator, outro motivo que favoreceu o crescimento industrial foi a abundante mão-de-obra estrangeira, sobretudo italianos, que antes trabalhavam na produção do café, também os emigrantes, ricos empresários que chegavam ao Brasil para investir e através de casamentos inter-familiares ajudaram na fusão dos capitais, formava-se assim a burguesia brasileira. A família Matarazzo, foi exemplo dessa fusão, já chegaram ao Brasil com capital


acumulado na Itália, que aplicados em indústrias brasileiras multiplicou a riqueza das empresas Matarazzo.
Estima-se que no período de 1890 a 1930, entraram no Brasil de 3,5 milhões de imigrantes. Seduzidos por incentivos e anúncios de prosperidade que o governo brasileiro divulgava no exterior, esse imigrante vinha para o Brasil em busca de trabalho e melhores condições de vida do que as que levavam em seus países de origens. Muitos desses imigrantes sonhavam em enriquecer no Brasil.
As dificuldades causadas pela Segunda Guerra Mundial ao comércio internacional favorecem algumas estratégias de substituição de importações. Intensificaram a industrialização de alguns produtos brasileiros, pois a Europa em guerra paralisou grande parte de suas exportações, mas, precisava de alimentos para a população e matéria-prima para suas indústrias. Com isso, o Brasil aumentou suas vendas de matérias-primas e alimentos para Europa.
O estado também exerceu grandes relevâncias nesse sentido, realizando investimentos nas indústrias de base de infra-estruturas, como ferrovias, rodovias, portos, energia elétrica entre outros. Esses investimentos começaram a se expandir juntamente como o crescimento da classe operária, acelerando o processo de industrialização.
O governo preocupou-se também em estimular o desenvolvimento industrial. Para isso, aumentou os impostos de importações, elevando os preços dos produtos estrangeiros, e diminuindo os impostos sobre a indústria nacional, estimulando a produção e o consumo de produtos nacionais. O dinheiro ganho com as exportações, anteriormente usado para importar produtos industrializados europeus, foi investido na construção de indústrias, que passaram a produzir no Brasil o que antes era importado. Aumentando assim o número de industrias no Brasil.
Em conseqüência dessa política econômica, o número de indústrias nacionais dobrou (alimentos, tecidos, calçados, móveis). A essas indústrias devemos somar a instalação de filiais de empresas estrangeiras voltadas para a produção química, farmacêutica, de aparelhos nesse período tinha o objetivo de substituir as importações dos artigos estrangeiros por produtos fabricados no Brasil.
Com as indústrias, e o desenvolvimento urbano de São Paulo e do Rio de Janeiro, atraíram para essas cidades, grande número de trabalhadores rurais que imigraram principalmente do nordeste, fugindo da miséria, da exploração e da seca. Essa massa de trabalhadores pobres veio aumentar a mão-de-obra disponível para as indústrias.
Um exemplo de grande desenvolvimento industrial foi a cidade de São Paulo que engajado no processo de industrialização no Brasil. De pequeno núcleo provinciano, com pouco mais de 20 mil habitantes em 1870, saltou, para 600 mil habitantes, transformando-se em uma metrópole e se colocando com destaque no pólo industrial do Sudeste brasileiro.Dentre os incentivos do governo para a aceleração do processo de industrialização, foi destaque a construção da Fábrica Nacional de motores (FNM), no Rio de Janeiro, para a construção de motores aeronáuticos, que seriam utilizados em aviões de treinamentos militar. Era a época da segunda Guerra Mundial, e em troca da utilização de bases militares no nordeste brasileiro, o governo norte americano deu incentivos financeiros e assistência técnica, para a construção tanto da FNM, como da CSN, Companhia

Siderúrgica Nacional. Porém, com o fim da segunda guerra mundial, pouquíssimas unidades de motores de avião chegaram a ser construídos pela FNM, os mesmos já estavam ultrapassados e se tornaram obsoletos. Iniciou-se então um período de reformulação, e com os excelentes maquinários importadas para a fabricação daqueles motores, adaptando-o a outros tipos de produção, iniciou-se á fabricação de geladeiras, compressores, bicicletas, peças para trem, tampinhas de garrafas e fábrica mecânica de serviços de revisão de motores de avião.
Dando ênfase para o começo de um contrato com a fábrica italiana para a fabricação de um caminhão Diesel, inicialmente apenas montado aqui, mas com projeto de nacionalização progressiva.
Em função das dificuldades para a criação de indústrias de base – voltadas para a produção de máquinas e equipamentos pesados, produtos químicos básicos, minérios etc., o governo passou a intervir na economia, fundando empresas estatais para atuar no campo siderúrgico e de mineração. Duas empresas são exemplos dos empreendimentos do Estado nesse setor:
- Campanha Vale do Rio Doce, destinada a exploração do minério de ferro em Minas Gerais;
- Campanha Siderúrgica Nacional (CSN), instalada a partir da construção da Usina de Volta Redonda, no Rio de Janeiro. O aço fornecido por essa usina seria fundamental para o avanço da industrialização no país, pois era utilizado como matéria-prima em outros setores industriais.
Em 1889, havia no Brasil pouco mais de 600 fábricas, nas quais trabalhavam 54 mil operários. Trinta e um anos depois, em 1920, havia no país 13.336 indústrias, que empregavam 275 mil operários. Havia ainda 233 usinas de açúcar, onde trabalhavam 18 mil operários, 231 salina, que empregavam cerca de 5 mil trabalhadores.
As industrias estavam concentradas, sobretudo nos estados de São Paulo, (31%), Rio de Janeiro, (11,5) e em Minas Gerais, (9,3%).
Apesar do grande avanço da industrialização e da urbanização brasileira, os trabalhadores das indústrias representavam somente 1% do total da população do país.
O mundo industrial, em vez de gerar riquezas á disposição de todos, para que cada um tivesse o necessário para viver com conforto e dignidade, ao contrário tinha gerado grandes desigualdades sociais. De um lado ricos burgueses, empresários industriais, que exprimiam os valores do individualismo, do pragmatismo, da capacidade de realizar grandes empreendimentos econômicos, de outro o proletariado, que não contavam com lei sobre as relações de trabalho e conviviam com o perigo constante de um acidente, de uma doença ou do desemprego.
Diante dessa situação e a partir da organização operária, acabou por se formar entre os trabalhadores da indústria, uma consciência de classe, isto é, o reconhecimento de terem os mesmos interesses a defender, de compartilharem a mesma sorte, de pertencerem a um único grupo social: a classe operária.




REFERÊNCIA


RIBEIRO, Maria Alice Rosa. Fábrica e Cidade. Em: Revista Trabalhadores Campinas, Fundo de Assistência a Cultura, 1989. P. 13.
PRADO, Caio Jr., 1907-1990 – História e Economia do Brasil /Caio Prado Júnior – São Paulo, Brasiliense, 1985. P. 229.
PETRONE, Maria Tereza Schores. Imigração. Em Boris Fausto (Org.) História Geral da Civilização Brasileira. São Paulo, Difel, 1985. V. 9 P. 93-133.
SODRÉ, Nelson Wemeck. História da Burguesia brasileira, Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1967. P. 194.
VICENTINO, Claudio. Viver a História – Ensino Fundamental, Editora Scipione. São Paulo, 2002. P 112.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1994, P. 292.
HISTÓRIA DO MUNDO OCIDENTAL: Ensino Médio: Volume Único. Antônio Pedro, Lizânias de Souza Lima, Yone de Carvalho., São Paulo, Editora FTD, 1ª Edição.
FURTADO, Celso, Formação Econômica do Brasil, 14ª. Edição – São Paulo. Nacional, 1978.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Peste Negra



Ana Cláudia da Silva Torres




A Europa no século XIV foi atingida por uma grande escassez de alimento. A dificuldade enfrentada nesse período se deu pela crise no campo. Os cereais começaram a faltar e as colheitas periódicas já não eram mais suficientes para alimentar tanta gente nas cidades. Além da falta de alimento, a Europa tinha grandes dificuldades de condição de moradia, por motivos de um crescimento populacional. Portanto esses fatores desencadearam para uma grande disseminação de epidemias. Nessas condições muitos morreram e os poucos que sobreviveram acabaram contraindo alguma doença de tão desnutridos que se encontraram.
A epidemia da Peste Negra encontrou um vasto caminho para sua ploriferação.
Em 1346, a Europa foi invadida pela Peste Negra, uma doença transmitida pela pulga de ratos. Essas pulgas contaminadas com a bactéria da peste eram altamente contagiosas. O contágio passou a ser de homem para homem, alastrando- se rapidamente por toda Europa.
Há duas formas de peste: a peste bubônica, que afeta os gânglios linfáticos e a peste pneumônica, uma das moléstias mais infecciosas e mortais conhecidas pelo ser humano e que atinge os pulmões. Transmitia-se com facilidade, já que podia ser difundida pela tosse e pelos espirros. Ambas as formas coexistiram.
Após adquirir a doença, a pessoa começava a apresentar vários sintomas: primeiro apareciam nas axilas, virilhas e pescoço vários bubos (bolhas) de pus e sangue. Em seguida, vinham os vômitos e febre alta. Era questão de dias para os doentes morrerem, pois não havia cura para a doença e a medicina era pouco desenvolvida. Vale lembrar que, para piorar a situação, a Igreja Católica opunha-se ao desenvolvimento científico e farmacológico. Os poucos que tentavam desenvolver remédios eram perseguidos e condenados à morte, acusados de bruxaria. A doença foi identificada e estudada séculos depois desta epidemia.
A falta de higiene nas casas, e também a falta de coleta de lixo foram fatores preponderantes para a ploriferação de ratos. Alguns historiadores afirmam que os ratos infectados, vieram da Ásia em navios que transportavam seda. Nos porões desses navios eles se alojavam, e escapavam pelas cordas dos navios que atracavam nos portos da Europa.
Epidemia como a Peste negra, trouxe várias conseqüências para Europa, principalmente ao se desconhecerem a causa da peste, gerou comportamentos que variavam do conformismo a ação efetiva.
Para muitos europeus a epidemia era vista como um castigo divino, reforçando ainda mais o misticismo popular.
A epidemia foi tão terrível que chegou a matar famílias inteiras, a quantidade de pessoas mortas era tão grande que não tinha mais madeira para fabricar caixões, e as famílias abandonavam os corpos. Muitos deles eram recolhidos por voluntários que ariscavam suas próprias vidas enterrando milhões de corpos de uma só vez em grandes buracos. As crises da doença se dava por três dias, com febres dores, e manchas pelo corpo e também vômitos.
De certa forma essa tragédia despertou na Europa a tomar medidas que melhorasse a qualidade de vida das pessoas, como pavimentação das ruas, a limpeza dos ambientes e a higiene pessoal.
Calcula-se que a peste Negra provocou no ano de 1390, um saldo de 20 à 25 milhões de pessoas eximidas , somente na Europa. Esse número equivale a um terço da população da época.
A peste negra trouxe um grande terror e feito estragos terríveis na economia e na vida das pessoas.


REFERÊNCIA:

BURNS,Eduard Mc Nall,1897-1972. História da civilização ocidental- v.2-44.ed- São Paulo: Globo,2005.
Projeto Araribá: História/ obra coletiva- 1ª Ed.São Paulo: Moderna, 2006
Descobrindo a história- São Paulo: Àtica, 2002.
















domingo, 4 de julho de 2010

CIDADE DE CARAVELAS




A estrada de Ferro Bahia e Minas teria que se iniciar na cidade de Caravelas, lugar já bastante desenvolvido na época, com o comércio que dominava toda a região sul da Bahia. Alguns historiadores apontam o navegador Gonçalves Coelho e Antônio dias Adorno como fundadores da cidade. Segundo eles, existiam aldeias no Rio Caravelas, sede da igreja santo Antônio do campo dos Coqueiros construída pelos missionários franceses no ano de 1636, época em que o norte do Brasil Colônia estava sob o domínio dos estrangeiro.
Cognominada ‘’ Princesa dos Abrolhos “ era o ponto referencial marítimo, em razão dos seus recursos naturais, já apresentava conceituada posição agrícola da Barra, Norte e Sul, sete bem montadas fábricas conhecidas por “Armações” onde atracavam as baleeiras Procediam aos desmanches das baleias, preparo, industrialização do óleo original, que era exportado. Era servida em todos seus transportes por bem aparelhado grupo de trinta e dois barcos veleiros de avantajadas capacidades, os quais faziam navegação de capotagem ao norte e sul do país, todos registrados na capitania dos portos da Bahia, transformando –se em ponto de entrada para os sertões mineiros. A aldeia avançada com grande desenvolvimento comercial, principalmente da pesca organizada da garoupa, cação e baleia.
Cria-se o primeiro curso secundário do Extremo sul da Bahia e de todo Nordeste de Minas Gerais, sendo nomeados vários professores: Jacinto Teixeira dos Santos Imbassahy, Francisco Luiz Ferreira, Higino Moreira de Pinto, o Padre José Simplício e Thomaz Ferreira dos Santos.
Em 1875, chega a caravelas o Telégrafo Nacional, nessa época já contava o lugar com 4.031 habitantes e a construção da estrada de ferro, partindo de lá, era sem dúvida nenhuma, o grande acontecimento progressista para a região. Foi construída uma importante base Aérea pelos Americanos, na época da Segunda Guerra Mundial. Isto por ser a localização da cidade considerada ponto estratégico.




Referência:


ELEUTÉRIO, Arysbure Batista. ESTRADA DE FERRO BAHIA E MINAS. A Ferrovia do Adeus. 1996.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A ÁFRICA DO SUL

A República da África do Sul é muito conhecida por suas belezas naturais, com desertos, montanhas e planícies. Além desses, sua diversidade cultural e religiosa sobressaem aos olhos do mundo, diante de tantas belezas. A língua falada na administração do país é o inglês, somado a mais dez diferentes línguas oficiais, que varia conforme a região.
Parece que tudo lá é de grande variedade. Praias, safári, mergulho, grande número de aves, turismo ecológico, dentre outros. Não podemos falar desse país sem relembrar os mais de trinta anos que sofreu com a apartheid.
O Apartheid foi um dos regimes de discriminação mais cruéis no mundo. Ele aconteceu no ano de 1948 até 1990 e durante todo esse tempo esteve ligado á política do país. Onde a condição de ser negro era desumana. De se pensar nas coisas mais simples como casamento e relações sexuais entre pessoas de raças diferentes eram ilegais.
A África do Sul conseguiu sua independência política em 1961 e declarou-se uma república. Apesar da oposição dentro e fora do país, o governo manteve o regime do apartheid. No início do século XX alguns países e instituições ocidentais começaram a boicotar os negócios com o país por causa das suas políticas de opressão racial e de direitos civis. Após anos de protestos internos, ativismo e revolta de sul-africanos negros e de seus aliados, finalmente, em 1990, o governo sul-africano iniciou negociações que levaram ao desmantelamento das leis de discriminação e às eleições democráticas de1994. O país então aderiu à comunidade das nações.
Em Johannesburg está localizado o museu do Apartheid onde se pode conhecer de perto, através de vídeos, fotos e objetos, essa triste história de preconceito racial. A África possui uma população aproximadamente 43 milhões de habitantes. Essa população apresenta uma taxa de natalidade elevada e uma baixa expectativa de vida, cerca de 50 anos. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano é médio, 0, 670. Atualmente, um dos grandes problemas enfrentados pela população e autoridades é o crime. Segundo as Nações Unidas, o país é o primeiro em assassinato com armas de fogo. A insegurança fez surgir nas cidades da África do Sul condomínios fechados. Outro grande problema é o avanço da AIDS no país, são cerca de 5 milhões de infectados. A doença tem dizimado um número elevado de pessoas, por essa razão existem, aproximadamente, 1,2 milhão de órfãos. Segundo estimativas, em 2025 o número de habitantes do país deverá diminuir, resultado da epidemia de AIDS que assola a nação.
Na cultura, o país não possui uma configuração única, até porque existe uma enorme diversidade étnica. Por esse motivo há uma distinção ao longo do país quanto aos hábitos alimentares, música, dança, entre outros. Há no entanto, alguns traços unificadores. A culinária sul- africana é fortimente baseada em carne e gerou a reunião social tipicamente sul- africana chamada braai. A África do sul também se tornou num grande produtor de vinho, possuindo algumas das melhores vinhas do mundo.
Em sua religião não há nenhuma evidência de que o Islã tenha tido contato com os povos Zulu, Swazi ou Xhosa da costa leste, antes da era colonial. Muitos sul-africanos muçulmanos são descritos como mestiços, nomeadamente na província de Cabo Ocidental, especialmente aqueles cujos ancestrais vieram como escravos do arquipélago indonésio (os malaios do Cabo). Outros são descritos como indianos, nomeadamente em KwaZulu-Natal, incluindo aqueles cujos antepassados vieram como comerciantes do sul da Ásia; eles têm sido acompanhados por outros povos de outras partes da África, assim como brancos ou negros naturalizados sul-africanos. Sul-africanos muçulmanos afirmam que sua fé é a religião que mais cresce em conversão no país.







REFERÊNCIA

Revista Nova Escola – ÁFRICA, A bola da vez. Ano XXV. N° 232, maio de 2010.
WWW.mundi.com.br/wiki-Africa -do-Sul
www.portalsaofrancisco.com.br/.../africa-do-sul/africa-do-sul-